Um dos passeios legais, quando se está em Aracajú, é ir até o Xingó e fazer um passeio pelos cânions do Rio São Francisco. No domingo Estávamos decididos a levantar acampamento e dirigir até lá (200km) para, no dia seguinte, fazer o tal passeio. Infelizmente descobri que justamente as segundas-feiras o catamarã não sai. Ficamos hiper decepcionados porque queríamos mesmo fazer o passeio. Tá, poderíamos ter ficado mais um dia em Aracajú para fazê-lo na Terça mas não sei o que deu na gente, resolvemos deixar este passeio para outra ocasião (quando formos visitar nossos amigos em Petrolina) e seguir viagem.
Esperávamos chegar neste mesmo dia a Maceió (é super perto). No entanto, poucos quilômetros antes de ultrapassar a fronteira entre Sergipe e Alagoas, avistamos uma placa super bacana da Foz do São Francisco indicando a cidade de Brejo Grande. Logo me lembrei de ter visto também vários passeios oferecidos em Aracajú para esta localidade. Não duvidei em rapidamente fazer uma manobra e desviar o carro de nosso destino inicial. Brejo Grande, lá vamos nós!
Bom, pensei que fosse logo ali (uns 5 km), mas na verdade era uns 70 km. Tudo bem. Deve valer à pena. Se não deu para visitar os cânions, vamos visitar a Foz. A idéia era dormir em Brejo Grande. Hahahaha, sem a mínima condição. Brejo Grande é um povoado super humilde e com zero estrutura para turista. Só tem mesmo o catamarã que sai todos os dias para ir a Foz. É chegar visitar e ir embora porque não tem nada. Bem, tem muito cavalo. O transporte oficial é este. É engraçado, nas ruas e praça ao invés dos carros estacionados, eram os cavalos. Como era domingo, era dia da cervejinha com caldinho de feijão na beira da calçada. Tudo bem, ninguém tem que dirigir mesmo.
Com nossa constatação de que dormir em Brejo Grande seria impossível, e que a estrada terminava justo no rio São Francisco, o jeito era dar meia volta. Oh espere. Os pescadores do boteco da margem do rio nos ajudaram. –“ É só ligar para a balsa que ela vem buscar vocês. A balsa está em Piaçabuçu, Alagoas, mas ela vem”. Achamos meio estranho uma balsa vir só por nossa causa mas liguei. Não deu outra, 30 minutos depois lá estava nossa balsa que nos levou de Brejo Grande, Sergipe, através do Rio São Francisco, até Piaçabuçu, Alagoas.
Descobrimos que na verdade a maioria dos passeios para a Foz do São Francisco sai mesmo é de Piaçabuçu (esta deve ser a única palavra da língua portuguese com duas cedilhas). Mas ao chegar, notamos que ficar lá também não era uma opção. Logo nos indicaram que a uns 25 km dali ficava uma cidade com maior potencial turístico e, portanto, alguns hotéis e pousadas. Era Penedo.
Que surpresa agradável! Uma hora você acha que vai dormir no carro. Meia hora depois encontra uma “Ouro Preto” as margens do rio São Francisco. Penedo é assim. Menor que Ouro Preto, claro, mas com igrejas antigas folheadas a ouro, casarões dos séculos XVII e ruelas de paralelepípedo em harmonia com o velho Chico. É considerada uma das jóias históricas do nosso país. E eu nem sabia. Senti como se tivesse acabado de descobrir o Brasil!
Ficamos hospedados no Hotel São Francisco. O maior da cidade. Antigo e bem localizado. De nossa janela podíamos admirar as igrejas e o Rio. Dá para imaginar o quão luxuoso deveria ser se hospedar naquele hotel antigamente...
Em um dos bares (aqueles que ficam no porão dos casarões antigos), paramos para tomar uma cerveja e assistir aos últimos minutos do futebol. Acabamos conhecendo uma família de americanos empenhados em entender as regras do jogo.
Puxamos papo. Eu estava intrigada por nunca ter ouvido falar deste lugar e a cidade estar cheia de gringos! E não é só isto. Descobri que esta família (o casal com um filho 12 e uma de 15 anos) havia acabado de se mudar para Penedo! Eles têm um estilo de vida interessante. A cada 5 anos a família toda vai morar em outro país por 1 ano para aprender outra língua e mais sobre o mundo. O Ricardo e eu adoramos a idéia. Quem sabe a moda pega! Mas de todo o Brasil, porque Penedo? Eles me deram uma rápida explicação que na verdade se resume a: pegaram o carro, passearam pelo nordeste por um mês e lá foi o lugar que consideraram ser melhor para esta aventura. E eu, que nunca tinha ouvido falar de lá! (se vocês também não, acho bom incluir no roteiro quando forem a Maceió ou Aracajú rssss).
No dia seguinte, voltamos a Piaçabuçu e pegamos um barco que nos levou a Foz do São Francisco. Confesso que esperávamos um pouco mais. Este é o problema das expectativas. Mas o lugar é até interessante. Tem uma ponta com dunas de areias justo na parte em que o Rio encontra com o mar. No meio das dunas, formam-se piscinas naturais. O passeio dura umas 3 horas. É interessante navegar pelo rio e admirar os casebres da população ribeirinha que vive só da pesca.
Terminado o passeio, agora sim é hora de ir para Maceió.
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